- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Monday, March 27, 2006

Eu só queria Jantar....


O dia-a dia dos universitários é muito duro. Acordam cedo, têm aula o dia inteiro, gastam fortunas em xérox e vendem o almoço para comprar a janta. Era uma tarde de verão. A Universidade estava em aula em função da greve que acabara com todos os planos de viajar com os amigos e curtir uma praia... O que consolava era que sempre sobrava um tempinho para tomar aquela cervejinha gelada. Na época a Itaipava ainda custava R$ 1,00.... Era inacreditável. O que se podia fazer era aproveitar o final de tarde com os que passavam pelo mesmo problema, escravizados àquela situação. Mas tudo era alegria. Beco Três, o tradicional Araponga, este era o nome do bar mais freqüentado na época. Era lá, que os amigos passavam horas conversando, comemorando, lamentando, se embriagando. E depois de muitas cervejas, nada melhor que mais cervejas... Um dos amigos lança a idéia, mais que óbvia, de todos irem a um barzinho, num famoso bairro boêmio do Rio de Janeiro. Afinal, mudar de bar sempre ajuda a manter a bebedeira. O que eles não sabiam é que suas vidas ficariam marcadas para sempre...
Chegando ao tal bar, continuaram com a cervejinha, agora num lugar mais reservado, e resolveram pedir alguns petiscos. Nada mal. Queijinho minas em cubinhos, aipim frito, mais cerveja. Alguns optaram pelo e bom velho PF (“velho” por conta da aparência). Mas, às vezes, após um porre, a comida cai bem. Feijão, bife, farofa.... até que é legal. Continuaram no papo...
Por volta das 22 horas ouviram alguns gritos. Olharam envolta, mas o bar estava vazio, o barulho só poderia vir da rua. Um certo nervosismo tomou conta do grupo... Afinal, que gritos eram aqueles? De repente três prostitutas invadiram o bar, aos tapas e ofendendo umas as outras dos piores e talvez mais inusitados palavrões. Mas os jovens não se enganaram. Aquelas prostitutas eram travestis. Obviamente isso mudara toda a situação. Agora eram três homens brigando pelo ponto de prostituição... Nada bom...Nada bom.... Os travestis invadiram o bar, gritando, brigando, ameaçando... Pobres jovens, presenciando a triste realidade das ruas. Perdendo um pouco da inocência de forma tão deprimente. O que levaria três homens a se comportarem desta forma? Ninguém sabe dizer. Talvez o grande desafio da sobrevivência...
Com apenas um golpe o maior deles arrancou todo o vestidinho preto de lycra, que até então não cobria metade da vergonha que todos passavam naquele momento... O travesti, que sofrera a agressão de dois rivais, agora nú, chorava copiosamente. Cena triste, muito triste. Mais tristes ainda estavam os jovens estudantes que presenciando aquilo resolveram tomar o rumo de suas casas. Pouco se comentou a respeito. O constrangimento era geral. Ver travestis se degladiando sem roupa, representava toda a decadência do ser humano. Muito se viu muito se aprendeu... Mas pra falar a verdade, eu só queria jantar...

Xana /06

Sunday, March 26, 2006

Embaixo da minha janela tem um velho posto falido que foi transformado em um novo estacionamento. O posto em si é o tal do novo estacionamento onde os moradores guardam seus carros e o que resta aqui embaixo de minha janela é o velho estacionamento, um corredor espremido entre o meu prédio e as casas da rua ao lado, onde o posto faz esquina. Era aqui neste corredor que funcionava o antigo estacionamento. Época em que as bombas ainda funcionavam para injetar álcool, gasolina e diesel adulterados nos automóveis que achavam tirar vantagem com os preços baixos. Hoje, o que fica aqui no fundo são os dois caminhões da empresa que funciona em frente ao posto. Não há luz. A distância para o fim do corredor, onde param os caminhões, e o posto, onde estão os carros e uma gorda histérica que vive gritando com o velho que até certo dia me parecia o real responsável pelo espaço, mas que agora já me põe dúvidas, fica em torno de trinta, quarenta metros e minha janela está nos dez finais, no que eu classifiquei de “zona de ação”. Daqui é difícil enxergar o que acontece lá no posto até porque há um outro prédio na minha frente, também ao lado do corredor, que me cobre noventa porcento, ou mais, da visão e que me limita a apreciar as movimentações dadas nessa zona escura, sem saída e perfeita para fuder. Passei a perceber isso enquanto fumava um para ir trabalhar e percebia ali embaixo dezenas – dezenas!! – de pacotes abertos de caminhas e algumas jogadas, sem nós, pelos cantos. Sempre achei um tanto quanto bizarro, pois creio que não há, nessa vizinhança, tantas pessoas interessadas em fuder num bequinho escuro. Sim, voltando pela madrugada eu já vi um ou outro casal esquentado se pegando e metendo sem medo em algumas ruas do bairro, mas sempre julguei ser aquele ímpeto de um casal isolado, muitas vezes na rua da própria casa, dele ou dela, e que se julgavam protegidos pelo silêncio da madrugada. Mas aqui? Ter se tornado um ponto para fuder realmente me parecia um tanto estranho. Exceto aos sábados. Nesses dias, depois das dez da noite, há baile no morro aqui atrás. O som só para às cinco, seis da manhã e bem antes disso toda a galera, animadíssima, já vai descendo para pegar seus ônibus, kombis e carteiras que ainda possam estar nas mãos de seus donos desavisados. Fuder aqui no corredor não seria problema algum, até porque muitos já devem descer gozados e outras, grávidas. Mas se o ônibus demora, “vamos ali... rápidinho... coé mina! Pára de caô! Vamos lá, vamos!” e fodem. Não é difícil imaginar.
Passei a observar melhor a frequência do aparecimento dessas camisinhas. Era todo dia... dezenas. Se somente o movimento do baile gerasse tantas camisinhas durante toda a semana eu deveria acreditar que uma verdadeira suruba acontecia aqui embaixo toda madrugada de sábado para domingo e só eu não sabia. Passei a observar isso também.
Logo no primeiro sábado percebi que minhas desconfianças passavam longe do que de fato acontecia ali. Não eram casais furtivos do baile que corriam para cá em busca de tranquilidade para meter, coisa que eles devem ter de sobra pelo morro, mas carros. Todos furtivos, em silêncio máximo, farol baixo. Do primeiro carro que para e observo me sai um cara, taxista, e do outro lado uma mulher, maior que ele. Vão para trás dos caminhões. Algum barulho, percebo que tentam ficar em silêncio o máximo possível e logo depois regressam. O cara surge fechando a calça com a camisa presa no queixo e logo depois surge ela, maior que ele, rebolando como só os travestis sabem rebolar. Compreendi a coisa. Taxistas e travestis. A combinação que enche este chão de camisinhas com a porra de um dos dois. Ou talvez dos dois. Nesta mesma noite eu vi mais de cinco taxis pararem e cumprirem o mesmo ritual. Alguns nem se davam ao trabalho de sair, ficando somente naquele movimento lento e ritmado do carro até parar, algum lado abrir a porta e despejar o lixo formado e em seguida sair o carro, de ré, fazendo aquele barulhinho fino do motor que indica um carro dando pra trás. Sugestivo. Não, não. Jamais consegui ver uma foda de fato porque a escuridão realmente é densa e somente se dissipa com a chegada ou saída de um carro. Permanecendo, estes, apagados, tudo volta ao breu. Mas também percebi que não só travestis eram as responsáveis pelo movimento, como também putas mulheres, todas provenientes de um conhecido ponto não longe daqui. Clientela barata, sem dinheiro, afim de uma foda rápida por nada mais que vinte reais sem o motel. Precisa ser na rua. Mas lá, no ponto, já está manjando e os pê-êmes acharcam sem dó. Afinal, pegar um cara de calça arriada comendo uma puta feia ou o cú de um travesti ou mesmo dando, é prato cheio. Dinheiro fácil, rápido, sem muita discussão. E, talvez, dependendo do humor deles, um tapa na cara para aliviar. Mas rápido mesmo deve ter corrido a notícia desse tal corredor. Em pouco tempo a coisa bombava de criar até mesmo congestionamento. Teve dia que um Celta parou, apagou suas luzes e ali ficou. Eu, daqui, fumando um e olhando a movimentação, esperava que saíssem do carro. Era uma mulher. Consegui ver pelo breve momento em que a luz interna do carro ficou acesa. Talvez para que ele pagasse e ela buscasse uma camisinha. Quando terminaram, o cara saiu e deu uma mijada na roda traseira do carro. A porta ficou aberta, o que manteve a luz interna acesa. Confirmei que era mulher que agora se ajeitava no banco e limpava a boca com um tasco de papel higiênico que ela arrancou da bolsa. Ele voltou, comentou algo e fechou a porta. Acenderam as luzes e começou o fino ruído do motor em marcha ré, mas antes que eles sumissem de minha visão para dentro do posto e depois, rua, um caminhão surgiu e bloqueou a passagem. A princípio foi um impasse de ambos, mas rapidamente o Celta se adiantou e jogou para um canto do corredor, dando passagem para que o caminhão, que não era nenhum dos dois da empresa, se aconchegasse aqui pelo fim. O caminhão não foi. Continuou parado, talvez julgando que mesmo no cantinho, o Celta não lhe dava tanto espaço assim já que um outro carro estava parado (esse parecia estacionado e vazio) e bloqueava muitos espaços de manobras. Talvez o motorista do Celta não tivesse julgado não tratar-se de um pequeno carro como o seu, que sim, passaria tranquilamente para o fim e ali fuderiam sem grilos. Mas vendo que nada acontecia o Celta voltou à ré e ao fino barulho, agora pedindo espaço para seguir, mas o caminhão permaneceu parado com seus faróis iluminando todo o interior do carro, o corredor e os caminhões no fim. Eu diria que se fosse um filme hollywoodiano, do tal caminhão saltaria um serial killer de putas e seus clientes que caminharia em direção ao Celta com uma enorme faca curva na mão permitindo que a puta e o motorista do Celta, de lá, avistassem apenas uma silhueta entre o forte faról se dirigindo para eles. Seria demasiadamente clichê, mas para mim, enquanto espectador real, poderia gerar um pouco mais de adrenalina. Mas enfim, nada disso aconteceu e depois de muitas manobrinhas e até mesmo uma reclamação mais acintosa por parte da mulher que chegou a sair do carro e gritar com o cara do caminhão, provavelmente puta por estar perdendo tempo e dinheiro atravancada ali, as coisas se encaixaram e o Celta sumiu enquanto o caminhão tomava a vez. Não sairam assassinos com facas curvas e capuz na cabeça, apenas dois trabalhadores do, agora eu podia ver, caminhão-guincho e mais uma puta. Mulher, ao que me parecia daqui. Primeiro o motorista a acompanhou até detrás dos permanentes caminhões enquanto o ajudante fazia guarda. Não demora e volta o primeiro dando caminho ao ajudante que vai, meio titubeante, mas afim. O motorista acende um cigarro de regozijo e espera pelo companheiro. Faz brincadeiras nesse meio tempo “vou voltar aí, hein! Se num guenta, deixa comigo!” e ria... gargalhava. Logo depois volta o cara, agora com a puta que também brinca. Parece que já conhece o motorista. O ajudante se mostra meio tímido e depois que os três acendem seus cigarros, montam na boléia e saem fora. Entendi como é o ritmo da coisa e as tais camisinhas já não mais me despertavam tanta curiosidade. Na verdade, na segunda noite a coisa já era maçante porque além de não conseguir ver nada, as fodas não duravam mais do que cinco minutos... na melhor das hipóteses, dez. Um verdadeiro fast-food do amor. O fator que deu um interesse a mais nas observações se deu quando percebi que não só as putas, travestis e taxistas descobriram o local, mas também os pê-êmes.
Pela rua, passei a observar o posto sempre que chegava ou saia de casa. Realmente, é um breu absurdo e lá da rua, lá da frente do posto, nada se vê do que acontece aqui atrás. Seguro, do ponto de vista da exposição. Porém à mercê deles já que não há para onde fugir. Nem na idéia. Afinal, que explicação convincente um taxista pode dar à polícia quando pego num corredor escuro e sem saída na companhia de um travesti? E ainda com a calça na mão? E se a camisinha estiver no pau do travesti? Dinheiro fácil. Mas o engraçado nisso é a forma como eles chegam. Lá da rua, na reta que vai dar aqui no corredor, eles já apontam o carro, acendem o farol no máximo e aceleram chegando já de bicho. Saem com fuzis na mão e gritando ordens como se ali tivesse uma quadrilha de perigosos assassinos. Às vezes pega o cara ainda no carro, nos preparativos, talvez encapando o pau que brocha de imediato, claro, mas em outras, quando chegam, encontram apenas o carro vazio e precisam esperar o casal sair de trás dos caminhões. O cara olhando pro chão, envergonhado. A puta logo atrás num misto de “não tenho nada com isso” e “resolve logo essa porra”, fica em silêncio, num canto. Não há muito o que negociar, nessas situações o moral do cara está em frangalhos, no chão, reduzido a pó e o pê-ême, que na maioria das vezes trata essa situação com deboche e escárnio, aproveita e retira o preço que vale o fim daquela humilhação. E geralmente é tudo o que há na carteira. “Atentado violento ao pudor” porra nenhuma. No final da madrugada esses mesmos pê-êmes comem os mesmos travestis num local seguro e sem grilos e não me admiraria existir aí um conchavo entre ambos. Mas ali é hora de conseguir dinheiro. Talvez um pó, se alguém tiver. Eles pegam o que é deles por direito e saem. Deixam ali apenas o silêncio e a vergonha. O motorista e a puta entram no carro sem qualquer palavra e saem, com o fino barulhinho do motor em marcha ré.
Episódio ímpar se deu no dia que ouvi um pequeno murmúrio vindo do corredor. Como sempre, em silêncio, espiei. Deitado sobre o caput de um carro estava um negro, somente de bermuda e sem chinelo. Conversava com uma mulher sem um pingo de preocupação. Parecia estar num ótimo lugar onde podiam avistar a cidade e namorar, como nos filmes americanos. Realmente não pareciam tratar-se de cliente e puta, não daquela forma costumeira, mas mesmo assim, receberam o bote da lei. Embicaram lá da rua, acenderam os faróis e aceleraram, de bicho! A menina, com toda a luz na cara, se encolheu num canto, envergonhada com a exposição enquanto o negro – que agora eu percebia que usava short e não bermuda – levantava com o mesmo desprezo à preocupação que já se mantinha. O motorista do carro do Estado chegou a abrir a porta e pôr meio corpo pra fora, no sapato, desconfiado, não entendendo porque não se assustaram com sua chegada. O negro, com a mão no rosto, incomodado com toda aquela claridade, tenta ver quem chega e o motorista, já tendo reconhecido e, aparentemente, se arrependido, recolhe seu corpo e some para dentro do carro novamente. Creio que comenta algo com o companheiro e ali ficam, aguardando. O negro caminha em passos lentos, arrastando os pés, como se quisesse numa dessas passadas, enfiar de vez o pé no chinelo que parece lhe escapar a cada passo. A única frase que entendo da conversa que se segue é “boa noite, cabo!”, dita pelo preto. Ele se apóia na janela e põe a cabeça e o corpo para dentro da viatura oficial. Conversam por um par de minutos e logo ele retira o corpo, dá um tapa no braço do motorista e diz algo como “falô, mermão!”. Eu, que não conheço pê-êmes e não tenho conchavos, me retiro da janela e entendo aquele “falô, mermão!” como sendo para mim também. Afinal, só querem namorar em paz.
Depois de um tempo essa abordagem se tornou tão rotineira, acontecendo duas, três vezes numa mesma noite, que o movimento caiu drasticamente. As camisinhas diminuíram e mesmo à noite cheguei a ver a tal gorda gritando para um carro que acabara de entrar “A POLÍCIA VAI CHEGAR!!! TO AVISANDO!! FICA AÍ NÃO!! EI!!! OW!!! É MELHOR SAIR!!” E saiam. Não sei se agradecidos.
Esqueci do ponto e das observações e só num outro dia, me preparando para ir trabalhar, trepado na janela com meu béqui na mão, observei mais algumas dezenas de camisinhas – muitas sem nó – jogadas pelo chão. A coisa parece ter retomado o ritmo. Aqui, por essas bandas, tudo é sazonal desde a putaria ao acharque da polícia. Não dúvido que em alguns dias eu estarei vendo-os novamente protagonizando cenas de comédia pastelão. Pena eu não possuir uma câmera para filmagens noturnas. Produziria uma boa película, um documentário talvez, e aí eu seria aclamado como um grande diretor, desses que apresentam a verdade nua e crua e aí exibiriam meu filme no Fantástico, como d. Vitória... Pena.

Friday, March 24, 2006

Desacompanhada da Sorte...


As noites de verão sempre são muito agradáveis, principalmente pros que amam a natureza e estão em ótima companhia. Mas para Xana, sorte era um substantivo um tanto obtuso... Sempre havia um mistério por detrás de um ótimo dia ou de uma virada do destino. Era noite de Sexta-Feira, na cidade do Rio de Janeiro, calor escaldante. Acompanhada de seu namorado, Xana tem uma ótima idéia: caminhar pela praia... Romântico não é? Não, não é... Xana foi bem à vontade. Camiseta, saia e chinelo. Carregava uma mochila com poucas coisas, celular, carteira... O namorado de Xana estava ansioso, pois não se viam há algum tempo... Coitado, antes tivesse ficado em casa. Xana caminhava tranqüilamente em direção à praia, quando o inusitado ocorreu: tomou uma baita cagada de pombo na cabeça. Mas isso não a fez esmorecer. Limpou aquela sujeira e seguiu para o passeio. Chegando à praia, a noite estava maravilhosa. Comprou um a cervejinha pra acompanhar. Uma, duas, três... Realmente muito agradável... Xana, de repente sentiu uma grande vontade de urinar... Olhou para um lado, olhou para o outro e não avistou sequer um banheiro. Mas tudo bem. Isso jamais intimidou nossa heroína. Xana encaminhou-se até uma árvore, em meio à penumbra, e escolheu o lugar ideal para resolver seu problema. O que Xana não esperava era pisar em um monte de bosta de mendigo (fresquinha). Aquele creme entrou entre os dedos do pé de Xana, fazendo-a entrar em profundo desespero. Sua sorte era a proximidade do mar. Ela saiu correndo, detrás das árvores, com um choro sentido e, lamentando o ocorrido, começou a lavar seus pés. Xana estava realmente abalada. Chorava muito. Afinal o que teria feito de errado para merecer aquilo. Xana, desesperada, se agachou de frente pro mar, na tentativa de acalmar-se. O destino lhe pregou outra peça. Uma grande onda veio em direção de Xana, levando sua mochila com todas as suas coisas para dentro d’água. Xana perdeu tudo que tinha. Desesperada e arrasada, pediu para o namorado (que a esta altura já achava melhor se afastar da moça) que a levasse para casa. Xana estava aos pedaços. Teve um prejuízo de R$ 400,00. Quando achava que tudo havia acabado, na esquina de sua casa, uma grande barata voadora bateu em seu rosto, grudando em seu cabelo, levando-a ao total estado de histeria. Xana refletiu sobre seu dia. Resolveu que o lar era o lugar mais seguro para uma menina desacompanhada da sorte.

Thursday, March 23, 2006

Wednesday, March 22, 2006

Bom, e pq não começarmos por ontem?
Divine acordou e precisava da certeza de que naquela terça não colocaria álcool pra dentro.
Já havia concluído metade do seu percurso: aula de manhã, trabalho à tarde... restava a aula à noite, naquele lugar maldito!!!!!!!
Quase. Pq Divine chegou a tempo de ser convidada por Tosá, Gabizona e Pedrito de La Rocha para beber uma inocente cerveja no bar das putas.... (se é que isso é possível!).Afinal de contas eram 17 horas e ainda faltava mais uma para o suposto início da aula.
Era claro que desde o começo Divine receava ser sugada pela comodidade que lhe inspirava aquela viela suja... e pela cerveja a um 1, 75.
Pois bem . Não houve aula para ela.
Já eram dez horas quando, em estado de semi embriaguez e completa chapação, Divine e Pedrito se encaminharam para o onibus que supostamente a levaria pra casa.
Ah! Haviam as sacolas.Sim, Divine, auxiliada por seu amiguinho, carregava pesadas sacolas de livros envenenados.
Ao saltarem do busão, Pedrito faz o sedutor convite : Saidera?
Sentados na esquina de casa, boteco tosco, sacolas de livros envenenados e bolsa na cadeira ao lado. Conversa, muita conversa. Boca de Pedrito na boca de Divine.Muitas vezes.
Hummm....
Fugazmente, o caro sr. Sylvio os surpreende. Os sacaneia. E vai embora.
Em dado momento, um lapso de consciência a faz lembrar que o dia seguinte será uma longa jornada. Que horas seriam? Busca pelo celular, mas..... Não há bolsa.
NÃO HÁ BOLSA? Desde quando?????
Nem bolsa, nem celular, nem disc-man, nem cd's, nem documentos, nem as chaves de casa, nem os 20 reais com os quais ela finalmente não mais exploraria Pedrito, sem as caras canetas para desenho... e o pior: sem o sacro-santo caderno com mais de 6 meses de profundos estudos, anotações de aulas, poesias toscas e o trabalho pra entregar na sexta. Apenas pesadas sacolas de livros envenenados. FUCK!
Era necessário mais uma saidera. Até as 3 da manhã. Sorry, Pedrito.
Divine. Eu me odeio!
22 de março de 2006