- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Sunday, April 08, 2007

Não chove há meses e o ar, seco, deixa eu e minha garganta irritadíssimos. Me dizem que bebendo o máximo de água possível, litros e litros, a coisa pode amenizar, mas eu confio mais na cerveja que além de umedecer também embriaga. Santa cerveja. Foi o exemplo de minha mãe que me ensinou os passos iniciais e os amigos incentivaram e acompanham. Nem sempre a grana basta para o tanto de cerveja que meu cérebro agüenta antes de dar pane, mas ainda assim é melhor beber pouco e ficar de pilequinho a, simplesmente, abrir mão como muitos outros vivem a me buzinar. Que cada um cuide de suas hipocrisias e me deixem só. Com a cerveja. E foi com ela que encontrei Marília, a preta do morro da Mangueira.
Foi numa dessas noites de céu limpo com uma porrada de estrela lá em cima me bilando, sem qualquer nuvem e uma lua bem fininha, minguante, que resolvi descer para beber no boteco aqui de baixo. Havia esquecido, mas era dia do pagode. Pagode animado, negrada reunida em volta da mesa de ferro enferrujado e umas mulatas gostosas e rebolativas ao redor. Cena pra gringo se extasiar. Finjo não ver o furdunço e entro no fedorento bar do seu Agostinho que, contrariando a regra, não era português, mas espanhol. Um filha da puta murrinha com uma perna de carne e osso e outra de madeira. Ficava prostrado no bancão e raramente saia dali. Devia ter um balde pra mijar e cagar porque foram raras as vezes que o vi movimentando-se pelo apertado espaço que lhe sobrava entre freezeres e o balcão. A seu favor contavam a cerveja sempre gelada e a localização. Sem muito papo e frases diretas eu peguei minha cerva e sai de perto do seu bafo fedorento. Não havia mais mesas ou cadeiras disponíveis para um simples matutar de idéias como sempre fazia naquela espelunca que em dias de pagode, se estendia pela calçada e rua, tendo, os carros, de buzinarem para não morrer alguém. Muitos passavam devagar para ver aqueles lindos rabos pretos rebolando que eu fingia ignorar, mas que os já tinha memorizado e selecionado os melhores para apreciar. Uma saia rosa, bem curta, daquelas que quase mostram o cu quando balançam tinha duas perninhas finas e brilhantes, porém bem torneadas, por baixo mais uma barriguinha curta e reta e seios pequenos, porém bicudos acima. O rosto dispensa comentários e apreciações, mas sorria. Do seu lado, no extremo oposto, uma cavala. Daquelas que derruba um cara na cama e deixa prostrado por dias e dias sem querer saber de mais nada senão aquela boceta enorme. Se não a tem, bate várias por dias e dias pela recordação. Também de saia, porém preta como a pele, mas sem o brilho do par de coxas que era quase meu tronco e uma barriga seca. Vejam bem, não tinha nada de gorda, mas apenas aquele biotipo cavalona que deixa os gringos em estado de graça "brazilian woman is wonderful" iriam repetir para seus conterrâneos, isso se não a levasse para deixá-los, todos, babando e pedindo para comê-la querendo saber o preço. Algumas sambavam de calça e eu não entendia porque de tanto pudor. Havia também vestidos e shortinhos em volta da mesa mas de cavala, cavala mesmo, só a saia preta. Porém eram belas, sorrisos lindos com o brancão de dentes bem cuidados no contraste dos rostos negros. "Tudo puta", pensei. Casais, não havia muitos e os poucos estavam em volta, com sorrisos abertos e peles em outros tons. Muitos me pareciam apenas babacas que nada sabiam de samba ou pagode e ali pararam para apreciar os pretos excitados sentando porrada nos tantãs, pandeiros e demais instrumentos que desconheço o nome.
Lá do outro lado, no fundo, um pouco mais discreta e de sorriso contido, uma linda preta sambava de maneira a chamar pouca atenção. Era uma das que vestiam calça, porém se via pela silhueta suas deliciosas curvas. Eu estava de longe, sentado numa dessas merdas que nego coloca na calçada para evitar que ali estacionem. Talvez obra do espanhol desgraçado.
A jovem galega, filha do coxo, servia os pretos com tira-gostos da pior qualidade aliviados pela cerveja de garrafa esbranquiçada. Via pelo seu sorriso e rubor que deveria estar totalmente excitada imaginando os tamanhos daquelas picas sonoras. Talvez quisesse o cantor, esguio, com roupa aparentando ter vindo direto da loja de algum shopping e cordões de ouro falso que rasgava com o cavaquinho e não tirava o sorriso para cantar, mas talvez quisesse a mão grande e forte do negão no tantã que eu esperava arrombar o couro a qualquer momento e ela deveria fantasiar estar no lugar daquele couro. Tinha cara de pudica, mas não enganava. São essas que querem uma porrada na cara, uma pirocada com força e até mesmo umas surras para ficar marcada, mas somente onde pudesse esconder do velho galego. Não me enganava. Mas pelo olhar que flagrei, aquele olhar panorâmico, eu presumi que seu sonho eram todos os pretos ali reunidos, um carrossel de piroca preta ao serviço daquela branquinha singela e esguia ou ela a serviço de tanta rola escura. Dei minha golada e sorri visualizando a cena e a cara do espanhol se flagrasse. Filho da puta. Dei mais um gole para encerrar o copo e o enchi novamente. A cerveja perdia sua capinha branca, mas ainda mantinha o seu poder gelado.
Desviei um pouco meus olhos e fiquei observando a rua. Os carros e pessoas que passavam e me observavam junto e longe daquela algazarra, mas não me detive muito tempo. Senti uma vontade de observar outra vez a pretinha discreta lá no outro canto e a busquei novamente, mas ela sumira. A cerveja acabou antes que ela voltasse com uma cara de sonsa querendo fingir que nada acontecera. Levantei para buscar cerveja quando um preto, magro, que aparentava não ter mais que 20 e poucos anos vem da mesma direção que ela com a cara de quem comeu e gostou, daqueles que adoraria correr para os amigos e dizer o feito. Era claro demais para deduzir o que houvera, mas deixei estar. Já fantasiara demais com a galeguinha e aquela pretinha não me parecia ser do tipo. Peguei outra cerveja com o canalha e voltei ao meu posto. A pretinha sambava, dessa vez com mais desenvoltura. Vi o rapaz cochichando no ouvido de um amigo, do outro lado da roda, que a olhava e ria. Porra, não havia discrição nos atos e agora sim, me excitei de verdade.
Bebia e a deseja imaginando o que havia feito na rua do lado quando a vejo se encaminhar para o banheiro fedorento do bar. Vou atrás me esgueirando entre corpos rebolativos e suados. O banheiro fica lá atrás, entrando por um corredor de caixas de cervejas empilhadas, quase como num calabouço maldito. Ficava vazio de homens que preferiam urinar pela rua a ter que andar até lá e poucas eram as mulheres que mijavam ali, tamanho era o fedor. Quando cheguei a preta já tava dentro e eu fingi mijar. De dentro do meu fedor eu deixei minhas orelhas atentas para o movimento da porta e quando a ouvi, sai junto fingindo coincidência. Ela me olhou e sem pensar ou pestanejar, perguntei "foi bom chupar o pau dele?". Ela arregalou os olhos e nada disse, visivelmente surpreendida pela pergunta. Eu não vi, mas acertei em cheio. Não, ela não fudeu com ele na rua usando aquela calça jeans, mas um boquete bem dado era totalmente possível e sorri por dentro com a frase certeira. Ela tentou alguma reação, mas logo percebeu que o que me movera até ali fora um tesão arrebatador. Voltamos para a rua com uma tensão entre nós e ela aparentando estar puta com meu jeito.
Retornei ao meu posto e não tirei mais os olhos dela.
Ela percebia, estava de frente para mim, mas fingia me ignorar sambando com mais vontade e agora sendo tão rebolativa quanto as pretas que pareciam não cansar.
Ficamos nessa por muitos minutos e percebi que o pretinho chupado tinha se ligado. Olhava pra mim, meio que querendo intimidar, e eu só o reparava pelo movimento e um rápido olhar quando percebia que ele virava a cabeça para notar se ela me correspondia. Queria que ele sentisse que naquele pequeno jogo ele era carta fora.
O pagode durou mais um bom tempo entre intervalos e seqüências animadíssimas. O público aumentou para alegria do puto atrás do balcão, mas quando começou a diminuir, me liguei que era hora. Vi o pretinho sair para mijar do outro lado da rua e senti que era o momento. Voltei ao balcão, entreguei o casco e meu copo junto com o pagamento das cinco cervejas. Fiz questão de passar por trás dela e apenas susurrei "vem". Não esperei resposta, não olhei para trás e simplesmente andei na direção oposta a que vira ela saindo com o mijão lá do outro lado. Virei na rua e esperei na porta de serviço do prédio. Ela demorou um pouco e eu achara que a tática falhara quando vi sua sombra se aproximando da esquina. Abri a porta e a esperei. Não falamos nada, apenas pelo olhar. No elevador eu metia a mão por dentro de suas calças e ela se contorcia como uma cobra enquanto nos beijávamos quase que arrancando língua, dentes, esôfago, estômagos um do outro.
Já dentro da cozinha o tesão pode sair pela dureza do meu pau que ela agarrava e não acreditava. "Nunca vi um pau branco desse tamanho" e eu nada falei, apenas empurrando sua cabeça pra baixo. Sim, agora estava clara a alegria do pretinho e mais ainda o porque de compartilhar com o amigo que ria também querendo aquela boca de língua e lábios absurdamente doces. Ela sabia muito bem o que estava fazendo com aquele pau na boca e sem qualquer aviso esporrei direto na sua garganta. Ela esgasgou-se, tossiu, cuspiu o que ficou na boca e esboçou uma reclamação quando lhe meti a mão na cara e voltei a lhe preencher a língua. Ela chupou e deixou limpo. Dali a arrastei pro quarto, pro colchão onde poderíamos fuder sem dores, sem complicações. Não estava mais em idade de ficar todo dolorido e fudido por causa de uma foda.
Aqui eu deixo que vocês imaginem o terror que fizemos, a pele preta e a pele branca dentro do quarto, assim como fiz com a galeguinha e seu exército de negos.
O dia raiava e a gente não conseguia parar. A cozinha era longe demais e a pequena garrafinha d'água que mantinha para minhas noite de ressaca não dera conta nem da primeira hora.
Fudiamos e fudiamos e ela só descansava nos momentos que meu pau não aguentava mais e demorava a subir. Eu ficava olhando para o teto e para meu pau, já praticamente em carne viva. Quando o tesão voltava e sentia uma mínima ereção eu atolava dentro dela outra vez para acordá-la junto com meu pau.
A noite voltava e eu não conseguia parar. Ela se mexia pouco. Meu pau sangrava. Algumas eu a fodi dormindo enquanto ela gemia baixinho, de olhos bem fechados. Na madrugada seguinte foi que consegui sair da cama e bambeando, sentindo-me extremamente fraco, segui para a cozinha. O primeiro copo da cerveja velha e choca caiu no estômago vazio como uma bomba e eu cai pelo chão gelado com meu corpo nu. Fiquei um bom tempo ali amaldiçoando todos os deuses e rogando a Deus que levasse aquela dor para a casa do caralho que parecia ser a última de minha vida. Quando consegui me por de pé outra vez disquei um número que tava na geladeira, e pedi uma pizza. Pela primeira vez desde que desci ao galego, sentia que precisava comer algo. Para o estômago. A atendente, com voz lenta, aparentando sono, informou que o expediente havia fechado e todos os entregadores haviam ido para casa. Prometi pagar o dobro, o triplo se ela viesse e expliquei que não comia há três dias devido a uma doença que só naquela hora me permitira sair da cama. Acho que ela se comoveu, anotou meu pedido e veio. A pizzaria era do outro lado da rua.
A atendi nu e com sangue no pau. Ela ficou boquiaberta com a cena e eu joguei o preço normal da pizza sobre seus seios e bati a porta em sua cara sem lhe dar tempo. Devorei cada pedaço sem mastigar. Me sentindo levemente mais forte fui ao banheiro e sem querer olhar para o estrago ali embaixo, deslizei os dedos com uma pomada cicatrizante e mordendo a toalha para não gritar. Voltei pro quarto e deitei ao lado da preta que estava na mesma posição, esgotada.

Impossível dizer quantas horas dormi, mas foi o tempo de acordar e constatar pelo gelo e falta de cor em sua pele que estava morta. Marília, a preta da Mangueira, não agüentara a maratona. Dei-lhe um beijo e voltei a dormir. No outro dia decidiria o que fazer.