- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Friday, June 22, 2007

Núpcias
Deitou-se em minha cama e pediu-me um drinque.
Desabotoei minha camisa e lhe servi um Chivas;
após alguns goles me jogou no tapete e,
sem me deixar olhar, tirou a toalha.

O quarto pequeno, assim como seus seios,
esquentava cada vez mais.
Suas mãos suadas tocavam-me e
sentiam meu sexo já determinado.

Rigorosa e empolgada,
a doce criatura quer a vantagem,
e faz que me doutrina.
Seu alvorotar inquietante
trava meus ímpetos.
Ela me domina.

Durante a graça dos movimentos cabais,
portadores de força, selvageria e devassidão,
instaura-se o caos momentâneo no recinto.
Cavalga-me, e sinto sua vagina engolindo meu órgão,
mas, subitamente, pára e locomove-se:
seus dentes e seus lábios carnudos mordiscam meu sexo ereto.

E vai, sugando, se apoderando; meu instrumento
já é uma pré programada bomba, a expandir-se e
explodir o sítio já tão embriagado de torpor e tesão.
Ela que alimentar-se de sêmen
e, manualmente, me bolina.
Assim, no decorrer do ato, me olha repetidas vezes
ansiando pela jorrada explosiva,
até eu sentir a nulidade do meu ser já mergulhado em devaneio;
minha consciência dilui-se na volúpia, e então, freneticamente,
“a idéia de gozar já está gozando”.

Ela, ser dominante e atroz,
vibra ao beber meu fervente leite, deleite.
Baixando nossa euforia, a atmosfera noturna
descarrega o ambiente infernal:
estamos vertiginosamente relaxados.
E, já em paz, bebericamos o uísque etragamos o Marlboro
Repertório

Você me dispensou
porque não a acompanhava à praia,
e me enfiava num bar
para beber chope.

Você me renegou
porque não a levava ao teatro ou cinema,
e me metia num bar
para beber caipirinha.

Você me execrou
porque não lhe dava dinheiro para as compras,
e me exilava num bar
para beber conhaque.

Você me arrasou
porque não a amava todo dia,
e me esquecia num bar
para beber cointreau.

Você nunca reparou que
(para os fãs de Humphrey Bogart)
eu bebia desesperadamente
para suportar o medo de perdê-la;

ou
(para os fãs de Paulo César Peréio)
o meu grande mal
era misturar bebidas.

Por Jairo da Costa Pinto Filho - em memória...
“Retrucou o malandro que na verdade as pessoas são como peças e que, tal qual ocorre com as enzimas no organismo celular, existem formas específicas que possuem seus respectivos complementares. É o princípio das almas gêmeas, pensei, e cada vez mais usávamos clichês banais que nos revelavam agora grande veracidade, assustadora verdade tão ridicularizada pelos menos sensíveis. A questão não tem haver com sensibilidade, e sim com destino. O rapaz que um dia defendeu um projeto de lei que regularizasse a profissão de ‘comedor de mulheres’ para o bem estar geral das mulheres não comidas, e portanto, da humanidade em geral, esse cara aparentemente descrente nas emoções românticas, me leva através de clichês a acreditar na existência do amor. Segundo sua teoria, quanto mais as mulheres atingissem orgasmo, melhores seriam suas relações com o restante da sociedade, estimulando a saúde e o humor das encalhadas”.
(Trecho de “Poço sem água” em Contos Reunidos por Eduardo d’Avila – 2006).