- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Tuesday, July 17, 2007

"Bilhetes" e "Requiem para um Hímem" são poemas de Jairo da Costa Pinto Filho.. Aguardem mais poesias deste falecido fanfarrão!

Wednesday, July 04, 2007

Réquiem para um hímem
para Dom Eugenio Sales e Lucia Esparadrapo
I- INTROITUS
Querida, querida
não fique arrependida.
É tudo tabu, tudo preconceito.
E, além do mais,
dá câncer.

II- KIRIE (morreu uma criança)
Salve!
Nasceu uma fêmea,
que vai sorrir para o mundo,
vai amar um, odiar outro.
Salve esta anca!
Salve esta potranca!

III- SEQUENTIA
A paixão armazenada na varanda,
os beijos mordidos,
o ventre ao contato íntimo,
os sonos irrequietos,
os sonhos molhados,
a expectativa da novela,
a mão que desliza,
o ritmo taquicárdio,
a masturbação,
o desejado orgasmo.

IV- OFERTORIUM
Esta singela pelinha
eu a ofereço
aos jesuítas, às franciscanas,
ao Imposto de Renda,
ao meu inesquecível pai e
à minha idolatrada mãezinha.

V- BENEDICTUS
Bendito seja este corpo virginal!
Bendita esta boca inocente,
cujos dentes
fazem cócegas
no meu pau.

VI- AGNUS HÍMEN
Que retira os pecados do mundo!
Que fortalece o espírito frágil e
resgata madrugadas insatisfeitas!

VII- HOSANA
Hosana nas alturas – do gozo!
Hosana nas loucuras – da cama!
Hosana, Hosana, Rosana!

VIII- GRANDE FINALE
Querida, querida
não fique arrependida.
Lembre-se que sou seu amigo,
que estou aqui para o que der (principalmente)
e vier.
Anote meu telefone.
Vamos todos em paz!
Bilhetes
(I)
Enjoei desta vida sem sentido.
Não me arrependo de nada.
Não chorem por mim.
Quero que
vocês se fodam!

(II)
Cansei das putarias desta vida.
A você, Cecília, deixo uma calcinha e
um O.B. usado da Marília;
para você, Rejane, um poster
in cunnilingus da Alice.
Para Marília,
mesmo que me ame, deixo
o DIU enferrujado da Rejane.
Para você, Alice,
não deixo porra nenhuma,
porque você é muito puta.
Adeus, suas vacas!
Transa
para a mulher de veludo
Por livros e poemas já não guardo o mesmo apreço.
Dúvidas quanto ao sistema não mais guiam meu destino.
Lágrimas acumuladas e tão travadas quanto o gesso,
não me causam tanto espanto quanto o ócio não criativo.

Guardas segredos em sete chaves caras... as lembranças!
Sentes a nuca, em nuances, nua como nunca... a carência!
Voltas ao passado recente e enfraquece... são as ânsias!
Esqueces que a doidera tem juros e preços altos... sua demência!

Então arde em suor safado quando grita ao mundo seu instante em segundos!!
Sofre aos beijinhos pois o próprio efeito carnal é por demais lindo!!
Por isso olha-me um sorriso sem jeito, tão bobo quanto astuto, e reconfigura
a alegoria do ato fato em um aparente descontinuum!!

Quanto aos livros relembro as tardes de domingo!
Quanto às dúvidas, não há sentido na política decadente!
Quanto às lágrimas, são fontes de energia positiva!
Quanto à você, espero que tenha gozado o suficiente!!