- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Monday, September 24, 2007

Choveu.

Havia um calor estranho, um calor que fazia suar para além do quente que estava. Um calor úmido, irascível, transbordante, um calor de anos, molhado e quente, como vapor, como vagina, como o útero, como as profundezas. Ela apareceu, e isto aturdiu o vento que soprou forte. Veio para provar a carne, o pescoço, a batata, a virilha, seu arroz insosso e seu pau rotundo. Eles se beijavam e tal qual o calor, a umidade aumentava, por entranhas e pêlos, pela mente- mente?- pelos membros enrijecidos, pelo tremor da carne, pelo forno, pela pequenez do mundo e suas belas virtudes, pelas limitações das relações humanas e dos indivíduos, e eles agora fundiam-se, e mais que dois é o infinito, todos sabemos. Saciaram a fome e a sede, a alma e o gozo, e os corpos teimaram novamente: se separaram.

Choveu.