- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Thursday, January 31, 2008



Aventuras de um professor

2. O difícil equilíbrio entre o excesso de carinho e a carência

para Bruno Mazzeo

Para começar um dia tão movimentado na cidade maravilhosa, é necessária uma considerável qualidade de chamego sincero. Isto é uma dádiva dos deuses aos humanos, apesar do aparente descaso desses para com as próximas gerações. Sobre a carência, quando ninguém te dá parabéns no seu aniversário, você fica meio para baixo, mas se todo mundo resolve te ligar, aquelas tias avós que jamais falam com você a não ser na data do seu nascimento; enfim, todo aquele ritual, se exagerado, pode “encher nosso saco”. O que envolve uma dinâmica tão complexa como esta é o conceito de ternura.

Nos dias de hoje, as pessoas são muito carentes em relação ao amor, porque não têm sido preparadas ou encorajadas para tanto. Envolve uma postura diante da vida, desde uma conversa amigável com o burocrata ao lado, até um pedido de perdão de joelhos à mulher amada. É tanto doar leveza quanto saber digerir as raivas cotidianas, que são normais, mas destrutivas no longo prazo. É preciso contrabalancear o desprezo com a ternura, e as pessoas dispostas a amar incondicionalmente fazem exatamente isso, todo santo dia.

O professor pensava no quanto a Michele o levou para um outro patamar espiritual. Aquele encontro nas barcas se repetiu umas três vezes, onde conversaram muito, chegaram a discutir levemente, e então souberam que se fosse para ser apenas uma transa, não valeria lá tanto à pena investir nisso. Recordava como parou de beber como antes, mudou seus hábitos alimentares e, o mais incrível, pôde admirá-la e se apaixonar por ela. Michele é aquela menina artista por natureza, canta e encanta, é linda, gostosa, atriz, inteligente e é romântica. Sabe? Daquelas pessoas que falam coisas interessantes.

Trata-se de uma situação promissora: havia conhecido sua ex-mulher desta forma, com este mesmo potencial de seriedade ao lidar com as paixões. Buscando o equilíbrio entre uma carência afetiva e o excesso de “carinho” – excesso e atenção muitas vezes nem tão bons assim (ou será sempre bom?); mas há um outro nível de relacionamento, ignorado até então para o professor quando, após uma reviravolta dessas, resolveu se casar. Pois bem, as pessoas aprendem com os erros e superam suas limitações: superaram a separação numa boa, não importando aqui o fato de ela ter ido morar na África do Sul.

Havia passado um ano do término, e logo nestes dias de verão, tão profundamente compostos por emoções das mais variadas: é um misto de alegria poética com voraz atratividade; é um jongo misturado com Led Zeppelin; é uma flor compondo a cena de um bar caro e atrasado. O verão carioca nos incita uma carência afetiva romântica cantada por Chico Buarque, aparentemente suplantada pelas “festas da carne”, muitas vezes, como no Carnaval, tão ricas em ternura, porque a amizade ainda é o maior elo entre seres humanos. Naquele dia sentiu tudo isto ao mesmo tempo ao som de Cartola e Ultraje.

Saber disso e não ter outras chances de encontro como, por exemplo, ela não retornar mensagens ou telefonemas, é desolador. E é neste instante que se percebe a riqueza do hiato entre temporadas, estações do ano e a sucessão dos projetos. Michele é uma linda mulher ainda não conquistada, ela possui seus caprichos, suas idiossincrasias, mas ele já mudou só por possuir uma ternura em relação a todos em sua volta (esqueça os vascaínos), e exalar encanto. É nesse momento que, sem se interessar por sinucas baratas e vazias, permanece em casa só, muitas vezes sem nem um amigo, apenas meditando sua leveza, sua carência e sua suposta disposição para grandes feitos.

O fato é que sua vida será modificada para MUITO melhor se estas emoções se concretizarem. Michele não sabe o quanto ela é importante para esse romântico professor, cansado, na véspera de carnaval, de sexo vazio. Este começo de relação é atemporal, você sente as coisas, as cultiva e elas novamente brotam quando os dois se encontram em algum ponto do futuro. É a carência afetiva que torna as pessoas aptas a um relacionamento mais poderoso, tornando-os pessoas melhores ou piores, vencedoras ou perdedoras, dependendo da reciprocidade; e é o excesso de bajulação, carinho ou atenção, que desvia a pessoa, nos campos da fisiologia e do estado de espírito, do padrão de qualidade das relações buscado.

Viva o Carnaval provido de carências!! Pois, sem dúvida, tudo será muito mais prazeroso. O professor, ao fim do dia, sem aquele chamego sincero e de qualidade, abre uma cerveja gelada, tira o disco de jongo e põe “Communication Breakdown” de Led Zeppelin, para sentir esse re-balanço estético, existencial e poético, balançar sua cabeça. Sobre a carência, quando ninguém te dá parabéns no seu aniversário, você fica meio para baixo, mas se todo mundo resolve te ligar, aquelas tias avós que jamais falam com você a não ser na data do seu nascimento; enfim, todo aquele ritual, se exagerado, pode “encher nosso saco”. O que envolve uma dinâmica tão complexa como esta é o conceito de ternura.

Monday, January 21, 2008

Navegar-te preciso

(para Gisele)

Quando te beijo

sinto gosto de Baco na boca;

sinto cheiro de becos

nos bicos dos teus seios

e teu sexo é barco onde busco

navegar entre desejos baços,

em brejo de amores borolentos,

escondidos por brumas,

estimulados por bronhas

(mas, enfim, meus!).

Contigo barganho, negocio, declino

até que te tomo na raça,

te bato na cara,

você berra, baba sobre mim e,

bichinho bonito,

embrenha-se em meus braços

e balbucia que me ama.

por Jairo da Costa Pinto Filho (1947-2001) em memória...

Aventuras de um professor

1-A eterna contenda dos laços afetivos contra os interesses individuais

Trata-se de um lugar feliz para refletir os seus métodos de ensino; ali, o professor não apenas distinguira ficção de realidade, mas também desobstruiu suas veias entupidas. Pôs-se a praticar a terapia diária de dar algumas aulas para adolescentes, em maioria, mas também para os jovens de 11 anos de idade. Eram tempos de muita confusão no ar, eram tempos de muita intolerância estampada nos semblantes publicitários, eram tempos de mesmas músicas diárias nas rádios, de sítios viróticos na rede, muitos outdoors nas ruas e novos big brothers bitolantes.

Caminhamos em direção ao sinal para atravessarmos na transversal mais próxima do caminho de onde saem umas barcas. Percebemos que, após uma aula inaugural em uma manhã de verão, todos estão submetidos a uma paixão coletiva e, em parte, alienante. Dizia ao aluno da turma dos mais adultos que, sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o Carnaval era um grande “poleiro de infecções”, e o aluno respondera, sem enganos: é também um momento bom para arrumar namorada. O professor, diante de uma demonstração de romantismo, teve seu dia transformado.

E passeava pela Av. Rio Negro quando ouvia conversas alheias, fragmentos de diálogos de pessoas sem rosto, porque andava olhando o chão, que nem um cavalo. Por volta das seis e meia da tarde achava divertido estar junto da multidão, que não era das maiores. Pois sabia que um dia de trabalho era cansativo e desgastante e que, ouvindo conversas públicas, saboreiava a possibilidade de ensinamento sem pretensões com a “verdade da ciência”, ou pelo interesse material que rege a vida do trabalho: era o momento da linguagem livre, fluída e espontânea como a de um flerte pela Baía da Sarambaia.

Por importância geográfica há que se dizer das vindas ao Grande Rio: eram pratos cheios de emoção e comoção. Afinal, das alunas não cortejava ninguém, a não ser as ex-alunas das vezes que encontrava perto do trabalho. Cultivara uma ética de poucos: jamais comeu uma aluna. Fazia mais por carência de meios eficazes de conciliar seus interesses individuais, com os laços profissionais ou afetivos, neste caso ambos, que precisava para continuar trabalhando.

As barcas levam nosso amigo para um ponto distante daquela barulheira citadina, mas levava-o em direção a outra. Então aquele hiato sonoro reverberava na sua condição de ex-casado de uma forma positiva. De maneira que, silencioso, caminhava em direção ao fundo da barca quando avista uma jovem de seus vinte e poucos anos, linda, lendo com cara de saciada em leitura e sexo, um livro de um autor de quem é um grande fã. Era um movimento instigante o de flertar naquela balsa, mas sabia de suas próprias dificuldades quanto a este movimento. Só que sabemos: nas melhores ocasiões para exercitar isto, o movimento surge por parte de quem supostamente seria alvo dos olhares.

E desta maneira, tranqüilo e sereno, esperando o “sinal” dela, recordara a parte de sua recente aula de Química, quando explicara a uma grupo de meninas o que era feromônio. É preciso enfatizar que havia confiança e respeito mútuos entre mestre e alunas para que este assunto viesse à tona. Dizia que os feromônios são substâncias químicas que, captadas por animais de uma mesma espécie (intra-específica), permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos. Os feromônios excretados são capazes de suscitar reações específicas de tipo fisiológico e/ou comportamental em outros membros que estejam num determinado raio do espaço físico ocupado pelo excretor. Existem vários tipos de feromônio, como os feromônios sexuais, de agregação, de alarme, entre outros. A palavra feromônio foi cunhada pelos cientistas Peter Karlson e Adolf Butenandt por volta de 1959, a partir do grego antigo ϕέρω (féro) "transportar" e ρμν (órmon), particípio presente de ρμάω (órmao) "excitar". Portanto, o termo já indica que se trata de substâncias que provocam excitação ou estímulo.

Ao recobrar a atenção para a morena dos olhos grandes claros que estava sentada perto dele, sentiu o bem estar necessário para exercitar a leveza convidativa; se lançando nesta aventura. Perguntou a ela se conhecia o primeiro livro escrito pelo mesmo autor que lia agora, e ela disse, curiosa, que não, e ainda sorriu. O movimento inicial foi de um brilhantismo muito comum deste estado de espírito. Fora, pois, um promissor começo para uma primeira impressão grandiosa. Afirmou possuir a tal obra: “O enterro do Diabo” era o nome; somente neste instante é possível definir as alternativas, pois é aqui que se percebe uma química da qual dependem as espécies humanas e não humanas para “transportar” e “excitar”, segundo a etimologia suscitada pelos termos gregos.

Ocorreu que, oito minutos depois, estavam caminhando pela mesma rua quando subitamente uma chuva tenta interromper o percurso dos dois. Ela estava vestindo uma bermuda jeans e uma camisa de malha, curta e apertada aos seios protuberantes; suas pernas eram lindas assim como seu rosto, o cabelo esvoaçava e o vento deixava-o sem um formato padrão, mas naquele conjunto se transformava. Nem precisamos comentar o fato de que ela já queria, no mínimo, sentar para tomar um café, beliscando umas torradas com manteiga.

Foi neste ínterim passado da barca a uma confeitaria que, ao som de Milton Nascimento, perceberam a grandeza de uma supostamente burocrática segunda feira chuvosa de verão, no fim do dia. Satisfez sua curiosidade até quando achou necessário; elogiou até quando achou conveniente; elegeu suas melhores piadas e escolheu a linha de raciocínio mais cabível para deslocar esse café prum samba. No que acerta aqui, erra acolá, no que se age por instinto, se fala por interesses fora de hora; no que flerta se desconcerta; e a conta traz até um leve constrangimento.

E então é retomada a primeira temática, a dos livros. Combinam enfim um chopp gelado no dia seguinte para, andando de encontro a uma rua estratégica, abraçá-la deixando que ela quisesse sentir sua barba a roçar-lhe a face fina e cheirosa; sorriram e, sábios, despediram-se sem qualquer afago ansioso, pois sabiam que no dia seguinte haveriam de desfrutar deste encantador encontro. Quando os laços afetivos se aliam aos interesses individuais, as pessoas abrem mão de desejos imediatos carentes de um contexto propício e agem mais sabiamente; mas negar que sofremos influências do ego é mentira. As ações impostas pela razão precisam ser contrabalanceadas pelas ações impostas pela emoção.

Eram tempos de muita confusão no ar, eram tempos de muita intolerância estampada nos semblantes publicitários, eram tempos de mesmas músicas diárias nas rádios, de sítios viróticos na rede, muitos outdoors nas ruas e novos big brothers bitolantes. Mas o nome dela é Michele...


Wednesday, January 16, 2008

A reprodução sócio-econômica das mulheres "gostosas" e "gatas": uma visão sobre saúde e estética no Rio de janeiro.

para as "putas disfarçadas"(música do Planet Hemp)

É muito difícil estar atento aos males da estética no que se refere ao conceito de “beleza”. Nos dias de hoje, onde metrosexualidade, anorexia, imagem em excesso e escravos da informação empilham os divãs, assentando desde portadores de patologias modernas do hedonismo, até o clássico maníaco depressivo crônico, o gráfico está em um dos seus altos picos no que se refere ao poder da imagem e do dinheiro. A importância (ou não) de ser bonita (o) está no centro deste ensaio.

As mulheres gostosas são tipicamente associadas a uma beleza que vem dos deuses, dizemos que é uma gostosa de “nascença”. Pois bem, ocorre que há uma equação simples que condiciona e determina a beleza, e que explica bem a artimanha do capital de “burlar” a natureza. É mais fácil implantar pêlos, silicones, tirar pêlos e remover cicatrizes, do que interferir na genética. Mas veremos como o capital se comporta em relação a isso também.

É muito comum vermos homens ricos casados com mulheres muito bonitas de nascença. São, normalmente, mulheres interessantes aos olhos ingênuos, senhoras da alta sociedade que exalam elegância e sabem discorrer sobre temas complexos e caros para a classe média empobrecida: vinhos, carros, lugares lindos, perfumes e artes. São, pois, mulheres cujos caprichos estão vinculados ao investimento feito nelas, desde infância. Aqui recorto: é que as que não tiveram esse investimento cultural, educacional e nutricional estão na categoria das que se casam por dinheiro. Não?

Bem, supondo que sim (esta é uma hipótese carente de provas), pensemos: se uma mulher rica casa com alguém rico, não é pelo dinheiro; se uma mulher não rica, mas muito bela e profissionalmente bem sucedida casa com alguém rico, poderíamos até relevar, pois quem sabe ela não é feliz no trabalho e na cama? Agora: as mulheres que não conseguiram porra nenhuma na vida profissional e, depois de 10 anos, aparecem dentro de um Porsche Carrera GT, loiras e gostosas, aí é que reside o lócus da ação reprodutora.

Pois as meninas ricas são mais bonitas por questões genéticas, assim como as mulheres pobres da favela são bem (até mais) gostosas do que as mulheres ricas da Zona Sul. O fato é que a beleza se vigora pelo capital; ser mãe cedo, não estudar, trabalhar em excesso, ter milhões de preocupações, tudo isto influi na beleza de uma mulher. Pois, não querendo ser generalista, mas já sendo: qual a diferença que o capital implica na beleza de uma mulher?

A influência é tão grande que primeiro devemos apontar alguns aspectos básicos. A genética, a cultura, a nutrição e o maior ou menor risco profissional. O primeiro aspecto se refere aos genes acumulados de uma geração anterior que usufruiu de todos os tipos de capital, cultural, educacional etc..., e que se condensou na nova geração reproduzindo tanto um organismo mais forte biologicamente quanto uma beleza mais padronizada. Explico depois essa parte.

O segundo aspecto é o valor cultural, como fazer viagens, conhecer obras de arte, pessoas inteligentes, participar de eventos internacionais, se envolver com questões complexas e, desde cedo, absorver ainda que parcamente uma educação de elite. Esta categoria de capital é uma das mais importantes, pois é ela que vai diferenciar o sucesso na carreira profissional e vai balizar a educação que dará aos filhos. É a cultura que organiza a vida doméstica, evita choques caóticos e crises nervosas sérias, e promove um equilíbrio entre amigos, colegas de trabalho e familiares.

O terceiro aspecto é fundamental para a saúde da mulher. Alimentação boa desde criança torna a pessoa mais capaz de ter uma pele boa, cabelos fortes e menos propensão a doenças. É o que diferencia muito as gostosas do morro das gostosas da Zona Sul, pois percebemos que, em certa fase da vida, vitaminas e sais minerais que ingerimos na infância influenciam na cura de doenças, ou seja, influencia em todos os aspectos da vida da pessoa.

O último aspecto é a soma de todos esses valores, pois a pessoa criada em uma família com capitais irá propiciar oportunidades para filhas e filhos que nunca serão experimentadas por quem está em uma família sem capital. A filharada é fruto do que foram seus pais, e tudo isto implica em duas coisas: 1) o capital não garante beleza a ninguém, mas ajuda muito; e 2) em geral, o capital vai gerar pessoas melhor realizadas e mais capazes profissionalmente, por uma questão econômica e cultural.

Neste sentido, esse ensaio visa elaborar uma equação genérica que contenha os seguintes fatores: CAPITAL + CASAMENTO COM MULHER INTERESSERA GOSTOSA = FILHAS GOSTOSAS. Reconheço nesta equação muitos defeitos, mas apontá-los seria perda de tempo, já que o mais importante não são preconceitos, todos nós sabemos que dinheiro (leia-se: poder) atrai mulher gostosa: é um fato da natureza humana. Em outras culturas, este poder torna um homem dono de quantas mulheres ele quiser. No Rio de Janeiro, as pessoas são sonsas e hipócritas quanto a isto.

Não estou dizendo que não exista amor, paixão e amizade nesses matrimônios, pois tudo isto faz parte da natureza humana, é uma condição humana se envolver intimamente e gerar uma família através desses sentimentos. Mas a grana é algo que faz muita diferença nos sentimentos, influencia demais nas escolhas e determina muito o lugar do rabo de alguém. Sobre a beleza padronizada dita acima, digo que moda e estética são essencialmente produtos cíclicos que regem uma moda (estatisticamente falando), ou seja, uma repetição, um padrão ou paradigma.

Esta beleza de hoje não foi igual sempre. Ocorre que para ser bela neste padrão, a pessoa investe grana em salões de beleza. Mas não é só por razões puramente estéticas. Trata-se de saúde também: um bronzeado feito sem exageros faz bem para a saúde; cuidar dos dentes faz bem para a saúde e é um fator crucial na estética; cuidar do cabelo é algo que também reflete a estima da pessoa; enfim, investir na saúde gera beleza, mas é justamente esse inocente investimento (porque todos fazem) que nos diferencia geneticamente quanto à beleza.

Uma mãe com todos esses cuidados vai reproduzir alguém que tenha propensão a uma vida esteticamente e salutarmente melhor. Se uma mãe pobre tem uma filha, com tempo as marcas de um não investimento irão falar mais alto. A equação acima, pois, é falha, por isso não me repito falando dos defeitos: conheci belas mulheres gostosas em aldeias amazonenses, no subúrbio carioca e nas favelas. O ponto não é esse; repito: o capital não determina a beleza, nem a pobreza determina a feiúra, mas salvo as exceções, o que temos?

Temos uma beleza padrão das mulheres da Zona Sul da cidade, em comparação com a parte pobre. “Não existe feio, existe pobre”, dizem alguns. O que se passa na cabeça das mulheres gostosas que não têm um futuro profissional promissor, inconscientemente, é a reprodutibilidade biológica, que envolve segurança, comida, cultura e oportunidades para as filhas. Elas podem nem pensar em beleza, mas está incluído no pacote, pois elas são gostosas, senão não casariam com os caras ricos. A não ser que o ricaço se case com uma baranga, mas acho raro. Em geral, suas mulheres são gostosas e bonitas. As suas filhas têm ou não bunda, são feias ou não, mas no geral o que se percebe é: quanto mais dinheiro você tem, mais mulheres gostosas e bonitas estão ao seu redor. Burlar a natureza é secundário, pois o principal para uma sociedade consumista, alienada e com patologias da informação, é ter saúde (beleza) e dinheiro (beleza) ao redor da cama. Não?