Contos da Puta Velha

- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -

Tuesday, April 20, 2010

E aquele que acordou cheirando a merda, sorriu por saber que desbravara um cu desprevenido.

Tuesday, April 06, 2010

Nova bu (seita)
Tamanha a presteza divina
Que com pouco muito fez
E a seiva desta vagina
De aroma salgada tez
Causa epifania ao pensar
Desta forma de profunda fé
Onde não precisa mais orar
É só chupar a mulher

Friday, November 13, 2009

Nessas saídas noturnas, mesmo que se fale de outra coisa, o que nós buscamos mesmo é uma buceta nova para dormir e acordar com o pau dentro. O bônus pode ser computado com um boquete bem feito ou um cu guloso, habilidades que nem todas as mulheres possuem, mas quanto à buceta, bem, inicialmente todas elas possuem.
Choppada universitária então é o auge. Um monte de menininha recém promovida à vida adulta, loucas para exercerem suas liberdades contidas e, mesclado a isso, uma boa quantidade de bebida alcóolica liberada. Não é preciso ser especialista em buceta para saber que essa união resulta em muito sexo e sacanagem. Pois é com esse espírito que eu, 47 anos, continuo frequentando todas as choppadas de que tenho notícias. É, sem dúvidas, um lugar criado pelos deuses da putaria. Não existe nenhuma outra opção de noitada onde um homem como eu consiga uma ninfetinha dessas sedentas por sexo e já não tendo paciência para as coroas que se crêem jovenzinhas somente porque metem descaradamente, fixo minhas forças aí, nessa mistura de açougue de carne dura e orgia etílica.
Essa minha postura mudou ali por volta dos 30. Até então eu fugia das ninfetinhas. Não tinha paciência. Era muito "aí não", "ai, não gosto disso!" e baboseiras do tipo. Até então eu só queria saber das coroas que fodem muito e não tem nóia, ou quase isso. As ninfetas eram um porre desnecessário para o sexo. Até que mudei meus paradigmas e entrei numa crise profunda uma vez que não possuo mais o tipo físico que naturalmente as atrai. Sem saber onde buscá-la, chorava toda noite.
Vejam bem, eu não sou professor como o outro camarada que de vez em quando põe uma historinha ae e, dessa forma, não tenho muita oportunidade de conviver com ninfetinhas. Mas tudo isso mudou quando descobri esse fantástico mundo de choppadas.
Primeiro pensei que a idade seria um entrave, afinal, aparento uns 60. Mas logo descobri que esse não seria o problema e muito menos o meu físico que ostenta uma barriga protuberante - dessas que, sentado no sofá para ver o jogo, apoia-se uma caneca de chopp confortavelmente. Não, nada disso seria um problema. Nem minha calvíce, nem meu pau pequeno. Nada disso me impediria de comer uma daquelas ninfetinhas se elas soubessem, ou pensassem, que sou um professor. De quê? Ora, uma choppada não é bem um congresso, embora muitas vezes seja difícil distinguir um do outro, mas ali você pode ser amigo de alguém que apareceu para rever alguns alunos que já se foram e você resolveu ficar um pouquinho para esfriar a cabeça. [Creiam, esse papo sempre funciona] Naquele momento não há muita preocupação em checar as informações, comprovar o dito pelo não-dito ou mesmo averiguar se vale a pena dar para você ou não. Com álcool na mente, buceta pulsante e um professor à disposição, as ninfetas não perdem a chance.
Foi assim, fácil assim - sempre é - que arranquei Lídia daquele clubinho para minha casa. Dentro do táxi, entre uns beijos e outros, às vezes com meu dedo roçando seu clitóris e sua mão sob meu pau para deleite do taxista, falávamos amenidades como a fome na África ou o massacre de índios na amazônia peruana. Foi dessa forma que cheguei aqui com meu pau roçando a bunda de Lídia enquanto abria a porta do prédio.
Mas me deixe falar de Lídia.
Era acima do peso. Não era gorda, mas aquela menina cheinha, que se fizer boquete sentada do seu lado, no mesmo sofá, vai fazer surgir umas dobrinhas, uns bons pneus de caminhão em sua deliciosa barriguinha. Eu adoro essas. Normalmente as gordinhas são um terror na cama uma vez que não sendo o centro preferencial das cantadas noturnas, quando conseguem alguém disposto a comê-las, elas os comem para mostrar que são boas também, muitas vezes melhores que aquela Barbie sem graça que mau segura numa piroca.
Mas voltando à Lídia. Tinha 18 aninhos, recém ingressada na faculdade de Ciências Sociais e devido a isso se considerava bem moderninha já tendo até dado uns beijinhos numa amiga durante a tal choppada. Se insinuou para mim enquanto eu estava de olho em sua amiga, mas magra e gostosa, que ela beijava ardorosamente. Meu objetivo foi trazer as duas, mas a gostosa resolveu dar para um negão que apareceu do nada e devia ter um pau maior que o meu. Sem problemas, me sobrou a gordinha fudequinha.
Então, depois de abrir a porta do prédio e subir as escadas tentando encoxá-la a cada passada, como um muleque tarado que nunca teve uma mulher à disposição, trouxe Lídia para minha cama aos tropeços onde me armei de toda minha experiência afim de extrair gemidos, requebros e gozos daquela gordinha louca por pica!
Eu nunca peço um boquete de cara... se a mulher não vier logo, eu prefiro merecê-lo chupando sua bucetinha e cuzinho por longo tempo para depois ter moral quando disser, "vem e me chupa", saca? Eu adoro chupar uma buceta e adoro que chupem meu pau, então ... é só uma tática para ter os dois sem perda.
Mas com Lídia essa tática não funcionou.
Eu a chupei de forma apaixonada. Sua buceta estava raspadinha, pelinhos mínimos que começavam a crescer. Eu diria que ela tinha raspado aquela chaboca há uns 2 ou 3 dias de modo que agora já dava aquela sensação de arranhão quando esfregava minha cara entre suas pernas. Curtia essa sensação e me deliciava com aquele suco delicioso na minha boca. Empolgado, passei a fazer uso também dos dedos para aumentar as sensações dela. Primeiro um, depois outro dentro daquela bucetinha apertada. Parecia virgem, mas não tínhamos falado sobre isso. O terceiro dedo eu enfiei no seu cu enquanto chupava, lambia e cuspia no seu clitóris. Eu estava empolgadíssimo, mas Lídia mal se movimentava e não emitia nenhum som.
Depois de um tempo, pensando mesmo que ela tivesse apagado devido a seu estado etílico, levantei-me para olhá-la e qual foi minha surpresa ao me deparar com ela mordendo o dedo, cara pro lado e rosto crispado, como alguém que se concentra para evitar uma sensação horrível. Aquela poderia ser sua feição de gozo, pensei, e animado, subi na cama, pau duro na mão, avancei para seu rosto dizendo: "vem, me chupa".
Lídia, para minha surpresa virou a cara mais ainda, agora fazendo uma careta de nojo e disse, quase chorando, entre-dentes: "você enfiou o dedo no meu cu!!!"

...

Sinceramente o pouco sangue necessário para irrigar meu pau voltou imediatamente para meu cérebro e aí puder visualizar aquela cena ridícula.
Uma gorda fresca definitivamente não valia nada a pena.
Tentando aparentar calma, sai de cima daquele saco de banha, fui ao banheiro limpar o rosto tirando aquele fedor de buceta mal-comida e o resto de merda que havia ficado entranhado na unha do dedo que invadiu aquele ânus sem sabor.
Voltei ao quarto e ela estava completamente sem graça recolhendo suas coisas.
Não disse nada.
Apenas a peguei pelo braço e a conduzi porta a fora. Voltei ao meu quarto e digitei "ninfetas" no computador para ver se salvava a noite.
Pior do que uma punheta mal batida é uma gorda virgem e traumatizada.

Saturday, May 30, 2009

Poeteiria
oh minha bronha
meu objeto punhetil
meu idilio infantil
sou eu quem te sonha
oh minha bronha!

oh meu amor
meu produto de lascidão
fruto da minha solidão
quanta dor quanta dor
sou eu e minha mão
és tu, meu amor.

E deste ardor se revela o anil
mesmo que, momentâneo, prazer pueril
é de fato mui estranho, senão senil
fazer sexo tântrico com meu pau Brasil.

Thursday, August 21, 2008

Lindezas sutis

para Sabrina Sato


E diante de tanta incerteza posicionou a bunda na janela de forma a explicitar seu alvoroço fisiológico. Aos transeuntes, um prêmio pela existência daquela mulher. Sabrina era seu nome. Alta, magra, olhos esbugalhados, engraçada, safada, perspicaz e muita das vezes simpática. O que nos uniu foi uma mistura de sinceridade canalha e carência espiritual. Em suma, fomos amantes durante seis meses.


O outro lado da carência pode até existir, mas este vai e vem é o movimento cíclico do qual especialistas em saúde mental adoram falar. Na verdade, nosso ego é um misto de consciente apreensão com inconsciente compensação. O valor da afetividade ministra as doses de paixão de cada um e isto inclui os “dates” ou encontros de casais que estão procurando estabilidade.


O ponto central aqui é falar de uma amizade colorida que envolve magia e instabilidade, numa figuração emocional e sensorial experimentadas sem expectativa. Se anseios conscientes circundam nossos sentidos, é preciso contrabalançar com a limitação das expectativas, frente a experiências que geram prazer carnal e espiritual. Sabrina e eu fomos parceiros desta vivência sacana e auto ajudada que é interesseira do ponto de vista individual, egoísta até (quem não é?) e divina e pura como um altruísta verdadeiro, do ponto de vista coletivo.


Somos seres coletivos e individuais, ao mesmo tempo; é um paradoxo que as Humanas tentam resolver incessantemente. Os antropólogos e suas lentes de aumento e redução de perspectivas; afastamento e aproximação ou o pêndulo do conhecimento; a Sociologia das estruturas sempre foi reificadora; difícil. Economia existe porque supostamente nossas demandas de consumo são infinitas, e por isso precisamos economizar.


O anterior parágrafo é um breve pensamento sobre a complexidade do ser social, sem enfatizar as representações que estes seres desempenham na sociedade; ser social que é, ao mesmo tempo, todo mundo e apenas um; complexo. Sabrina e eu nos fundíamos na terça e nos separávamos na quarta; repetíamos a dose com posições diferentes no final de semana até que, por motivos estritamente canalhas, nos afastaríamos para, algumas semanas depois, rirmos do porre tomado no início das sacanagens, como crianças ou idosos celebrando a vida.


O envolvente carinho celebrado nos fins de semana espelha mais que nova perspectiva, e anuncia a abertura de novos tempos. E é deste acontecimento que extraímos inspiração para sorrir diante da existência. É este conceito de “diversão” que antecede o acontecimento para, intensamente, irromper em forma de inspiração para toda e qualquer leveza. Essa é uma das grandes dádivas da existência, pois não é só um fardo, como costumam enfatizar os filósofos. É uma idéia de imensidão e possibilidades, sempre manejando opostos que, para ser melhor, merece que seja plural, e não uma singular dialética. O bom e ruim e o quente e o frio são ricos em intermediários estados de “vir a ser” que não podemos qualificar, a não ser em momentos como os de envolvente carinho.


Sabrina sabia dos estágios entre o quente e o frio, e não apenas conhecia como brincava com suas possibilidades. E desta vez não estava me desconcertando! Normalmente, sua atenta mente canalha gostava de atentar meu juízo frágil, como da vez em que estava apertada para urinar, e me fez segurar sua fenda até chegar em casa, ignorando o fato de que eu estava ao volante, em plena Radial Oeste, uma via expressa da Zona Norte do Rio.


O devir é uma coisa que dá significado à ação; o que os antropólogos chamam de “convenções de símbolos”, e cuja função é permeada por anseios de ser entendido ou não, na ardilosa tarefa de se comunicar. Enfim, por ela e com ela, devo dizer: sua beleza espiritual compensara suas safadezas, e é por isso que o que vivemos foi tão intenso quanto didático, para as almas leitoras deste sítio, desejosas de inspiração.

Thursday, February 21, 2008

A natureza dos filhos da puta velha

No fundo, o grande diferencial humano, o que rege a vida de cada ser , é o seguinte: a qualidade sócio-econômica do útero do qual vamos “sair”. Sim, pois dependendo de qual óvulo você fecundar (na competição enquanto espermatozóide sagaz), terá mais ou menos chance de obter algum tipo de capital. É o primeiro crivo natural? Este assunto surgiu na mente de uma trabalhadora madura, “da vida”, pois pensava o quão azarado seria o ser que, gerado por ela, fosse seu filho; estava em fim de carreira, era pobre, possivelmente doente e não tinha perspectivas profissionais pra os próximos 10 anos.

Sua tentativa frustrada de recordar as matizes teóricas da genética a incomodou bastante. Não que fosse uma completa ignorante no assunto, mas apenas se lembrara da condição material de sua família, e também da comparação que estabelecera com suas colegas de trabalho: algumas realmente não precisavam estar ali, pois os pais tinham condições de pagar faculdade e viagens ao exterior. Apesar da sorte no crivo natural, não souberam tirar vantagem. Percebeu o quão alienante é uma crise existencial para uma prostituta beirando os 50 anos. Verificou que se, enquanto espermatozóide, tivesse “entrado” em um óvulo de uma mulher pertencente a uma família de classe média, sua vida profissional teria sido mais promissora.

Sentia-se privilegiada, ademais, por realmente gostar da profissão, ser responsável e assídua, além de nunca ter sofrido graves agressões, tanto ao seu corpo quanto ao seu espírito - fora um vício temporário em crack no início dos anos 90, em São Paulo -, nestes 20 anos (sem trocadilhos, hã!) não tão bem sucedidos de carreira. Isto porque pôde pagar o tratamento de uma doença grave a uma “irmã”; nos anos 80 ter ajudado um irmão viciado, além de ter bancado o funeral da mãe. Mas não possuía herança material ou cultural alguma, se “virou” e conquistou relativa independência, podendo indagar inclusive sobre certas problemáticas científicas, como as vantagens de "adentrar" óvulos de mulheres de classe média, graças ao supletivo que freqüentou aos 30; vinte anos antes de cogitar a hipótese de ser mãe.

Com a idéia veio uma tentativa de se livrar da profissão. Não que achasse desagradável. Como disse: era uma das melhores de sua geração, tendo no currículo (se controlem com as piadinhas...) passagens por Itália, filmes pornôs nacionais e alguns desfiles chiques. A possibilidade de reunir uma quantia em dinheiro, era um mote inconsciente para sair de vez daquela vida, comprar uma casinha no interior e criar seu filho longe da vida bandida urbana. Porém, sentia-se infeliz ao previr o quão difícil seria sustentá-lo e, após uma rápida revisão em genética, se perguntou: eu ficaria triste se fosse filha de uma puta velha em fim de carreira? A resposta não surgiu...

Na rua ao lado do seu apartamento havia uma galeria cujo comércio incluía um sebo. Numa segunda feira chuvosa e parca, se permitiu ler sobre variados temas naquela velha livraria, comprando inclusive um livro chamado “Maternidade e prostituição na terceira idade: dilemas e alternativas para uma melhor condição de vida”, de um sociólogo, transexual e ex-cafetão da Praça Mauá. Naquele ensaio, obteve informações sobre a natureza dos “filhos da puta”, obteve conhecimentos específicos a respeito da putaria na terceira idade (disse o professor do autor, indignado: você que estudar puta velha?! puta velha?!) e, melhor, ganhou confiança para investir em seu projeto de ser mãe.

Ainda sim, pairava em sua mente cansada a injustiça para com o “indivíduo-porra” que invadisse seu óvulo: o bebê nasceria na pobreza imediata, possíveis complicações de saúde futuras - considerando antigos vícios da mãe - e o possível auto-atributo de “filho da puta”. Não obstante, meditava sobre a condição fisiológica de seu útero, levando em conta que que já havia entrado em contato com mais de 2000 caralhos, e por isso temia a impossibilidade de “embuchar”. Estas dúvidas tiraram o sono daquela mulher madura, sacrificara suas mais ambiciosas pretensões maternas e deprimira seus sistemas nervoso e fisiológico, ao ponto de estimular a idéia de entrar em um programa de adoção. Seria difícil conviver com tal projeto? Seria pretensioso? Não somos especialistas no assunto, mas numa coisa todos concordam: azar do espermatozóide que “invadir” um óvulo pobre e desprovido de saúde adequada de uma puta velha em crise existencial. Não?

Thursday, January 31, 2008



Aventuras de um professor

2. O difícil equilíbrio entre o excesso de carinho e a carência

para Bruno Mazzeo

Para começar um dia tão movimentado na cidade maravilhosa, é necessária uma considerável qualidade de chamego sincero. Isto é uma dádiva dos deuses aos humanos, apesar do aparente descaso desses para com as próximas gerações. Sobre a carência, quando ninguém te dá parabéns no seu aniversário, você fica meio para baixo, mas se todo mundo resolve te ligar, aquelas tias avós que jamais falam com você a não ser na data do seu nascimento; enfim, todo aquele ritual, se exagerado, pode “encher nosso saco”. O que envolve uma dinâmica tão complexa como esta é o conceito de ternura.

Nos dias de hoje, as pessoas são muito carentes em relação ao amor, porque não têm sido preparadas ou encorajadas para tanto. Envolve uma postura diante da vida, desde uma conversa amigável com o burocrata ao lado, até um pedido de perdão de joelhos à mulher amada. É tanto doar leveza quanto saber digerir as raivas cotidianas, que são normais, mas destrutivas no longo prazo. É preciso contrabalancear o desprezo com a ternura, e as pessoas dispostas a amar incondicionalmente fazem exatamente isso, todo santo dia.

O professor pensava no quanto a Michele o levou para um outro patamar espiritual. Aquele encontro nas barcas se repetiu umas três vezes, onde conversaram muito, chegaram a discutir levemente, e então souberam que se fosse para ser apenas uma transa, não valeria lá tanto à pena investir nisso. Recordava como parou de beber como antes, mudou seus hábitos alimentares e, o mais incrível, pôde admirá-la e se apaixonar por ela. Michele é aquela menina artista por natureza, canta e encanta, é linda, gostosa, atriz, inteligente e é romântica. Sabe? Daquelas pessoas que falam coisas interessantes.

Trata-se de uma situação promissora: havia conhecido sua ex-mulher desta forma, com este mesmo potencial de seriedade ao lidar com as paixões. Buscando o equilíbrio entre uma carência afetiva e o excesso de “carinho” – excesso e atenção muitas vezes nem tão bons assim (ou será sempre bom?); mas há um outro nível de relacionamento, ignorado até então para o professor quando, após uma reviravolta dessas, resolveu se casar. Pois bem, as pessoas aprendem com os erros e superam suas limitações: superaram a separação numa boa, não importando aqui o fato de ela ter ido morar na África do Sul.

Havia passado um ano do término, e logo nestes dias de verão, tão profundamente compostos por emoções das mais variadas: é um misto de alegria poética com voraz atratividade; é um jongo misturado com Led Zeppelin; é uma flor compondo a cena de um bar caro e atrasado. O verão carioca nos incita uma carência afetiva romântica cantada por Chico Buarque, aparentemente suplantada pelas “festas da carne”, muitas vezes, como no Carnaval, tão ricas em ternura, porque a amizade ainda é o maior elo entre seres humanos. Naquele dia sentiu tudo isto ao mesmo tempo ao som de Cartola e Ultraje.

Saber disso e não ter outras chances de encontro como, por exemplo, ela não retornar mensagens ou telefonemas, é desolador. E é neste instante que se percebe a riqueza do hiato entre temporadas, estações do ano e a sucessão dos projetos. Michele é uma linda mulher ainda não conquistada, ela possui seus caprichos, suas idiossincrasias, mas ele já mudou só por possuir uma ternura em relação a todos em sua volta (esqueça os vascaínos), e exalar encanto. É nesse momento que, sem se interessar por sinucas baratas e vazias, permanece em casa só, muitas vezes sem nem um amigo, apenas meditando sua leveza, sua carência e sua suposta disposição para grandes feitos.

O fato é que sua vida será modificada para MUITO melhor se estas emoções se concretizarem. Michele não sabe o quanto ela é importante para esse romântico professor, cansado, na véspera de carnaval, de sexo vazio. Este começo de relação é atemporal, você sente as coisas, as cultiva e elas novamente brotam quando os dois se encontram em algum ponto do futuro. É a carência afetiva que torna as pessoas aptas a um relacionamento mais poderoso, tornando-os pessoas melhores ou piores, vencedoras ou perdedoras, dependendo da reciprocidade; e é o excesso de bajulação, carinho ou atenção, que desvia a pessoa, nos campos da fisiologia e do estado de espírito, do padrão de qualidade das relações buscado.

Viva o Carnaval provido de carências!! Pois, sem dúvida, tudo será muito mais prazeroso. O professor, ao fim do dia, sem aquele chamego sincero e de qualidade, abre uma cerveja gelada, tira o disco de jongo e põe “Communication Breakdown” de Led Zeppelin, para sentir esse re-balanço estético, existencial e poético, balançar sua cabeça. Sobre a carência, quando ninguém te dá parabéns no seu aniversário, você fica meio para baixo, mas se todo mundo resolve te ligar, aquelas tias avós que jamais falam com você a não ser na data do seu nascimento; enfim, todo aquele ritual, se exagerado, pode “encher nosso saco”. O que envolve uma dinâmica tão complexa como esta é o conceito de ternura.