
Aventuras de um professor
- porque dessa fruta eu chupo até o caroço! -
Aventuras de um professor
(para Gisele)
Quando te beijo
sinto gosto de Baco na boca;
sinto cheiro de becos
nos bicos dos teus seios
e teu sexo é barco onde busco
navegar entre desejos baços,
em brejo de amores borolentos,
escondidos por brumas,
estimulados por bronhas
(mas, enfim, meus!).
Contigo barganho, negocio, declino
até que te tomo na raça,
te bato na cara,
você berra, baba sobre mim e,
bichinho bonito,
embrenha-se em meus braços
e balbucia que me ama.
por Jairo da Costa Pinto Filho (1947-2001) em memória...
Aventuras de um professor
Trata-se de um lugar feliz para refletir os seus métodos de ensino; ali, o professor não apenas distinguira ficção de realidade, mas também desobstruiu suas veias entupidas. Pôs-se a praticar a terapia diária de dar algumas aulas para adolescentes, em maioria, mas também para os jovens de 11 anos de idade. Eram tempos de muita confusão no ar, eram tempos de muita intolerância estampada nos semblantes publicitários, eram tempos de mesmas músicas diárias nas rádios, de sítios viróticos na rede, muitos outdoors nas ruas e novos big brothers bitolantes.
E desta maneira, tranqüilo e sereno, esperando o “sinal” dela, recordara a parte de sua recente aula de Química, quando explicara a uma grupo de meninas o que era feromônio. É preciso enfatizar que havia confiança e respeito mútuos entre mestre e alunas para que este assunto viesse à tona. Dizia que os feromônios são substâncias químicas que, captadas por animais de uma mesma espécie (intra-específica), permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos. Os feromônios excretados são capazes de suscitar reações específicas de tipo fisiológico e/ou comportamental em outros membros que estejam num determinado raio do espaço físico ocupado pelo excretor. Existem vários tipos de feromônio, como os feromônios sexuais, de agregação, de alarme, entre outros. A palavra feromônio foi cunhada pelos cientistas Peter Karlson e Adolf Butenandt por volta de
Ao recobrar a atenção para a morena dos olhos grandes claros que estava sentada perto dele, sentiu o bem estar necessário para exercitar a leveza convidativa; se lançando nesta aventura. Perguntou a ela se conhecia o primeiro livro escrito pelo mesmo autor que lia agora, e ela disse, curiosa, que não, e ainda sorriu. O movimento inicial foi de um brilhantismo muito comum deste estado de espírito. Fora, pois, um promissor começo para uma primeira impressão grandiosa. Afirmou possuir a tal obra: “O enterro do Diabo” era o nome; somente neste instante é possível definir as alternativas, pois é aqui que se percebe uma química da qual dependem as espécies humanas e não humanas para “transportar” e “excitar”, segundo a etimologia suscitada pelos termos gregos.
Ocorreu que, oito minutos depois, estavam caminhando pela mesma rua quando subitamente uma chuva tenta interromper o percurso dos dois. Ela estava vestindo uma bermuda jeans e uma camisa de malha, curta e apertada aos seios protuberantes; suas pernas eram lindas assim como seu rosto, o cabelo esvoaçava e o vento deixava-o sem um formato padrão, mas naquele conjunto se transformava. Nem precisamos comentar o fato de que ela já queria, no mínimo, sentar para tomar um café, beliscando umas torradas com manteiga.
Foi neste ínterim passado da barca a uma confeitaria que, ao som de Milton Nascimento, perceberam a grandeza de uma supostamente burocrática segunda feira chuvosa de verão, no fim do dia. Satisfez sua curiosidade até quando achou necessário; elogiou até quando achou conveniente; elegeu suas melhores piadas e escolheu a linha de raciocínio mais cabível para deslocar esse café prum samba. No que acerta aqui, erra acolá, no que se age por instinto, se fala por interesses fora de hora; no que flerta se desconcerta; e a conta traz até um leve constrangimento.
E então é retomada a primeira temática, a dos livros. Combinam enfim um chopp gelado no dia seguinte para, andando de encontro a uma rua estratégica, abraçá-la deixando que ela quisesse sentir sua barba a roçar-lhe a face fina e cheirosa; sorriram e, sábios, despediram-se sem qualquer afago ansioso, pois sabiam que no dia seguinte haveriam de desfrutar deste encantador encontro. Quando os laços afetivos se aliam aos interesses individuais, as pessoas abrem mão de desejos imediatos carentes de um contexto propício e agem mais sabiamente; mas negar que sofremos influências do ego é mentira. As ações impostas pela razão precisam ser contrabalanceadas pelas ações impostas pela emoção.
Eram tempos de muita confusão no ar, eram tempos de muita intolerância estampada nos semblantes publicitários, eram tempos de mesmas músicas diárias nas rádios, de sítios viróticos na rede, muitos outdoors nas ruas e novos big brothers bitolantes. Mas o nome dela é Michele...
A reprodução sócio-econômica das mulheres "gostosas" e "gatas": uma visão sobre saúde e estética no Rio de janeiro.
É muito difícil estar atento aos males da estética no que se refere ao conceito de “beleza”. Nos dias de hoje, onde metrosexualidade, anorexia, imagem em excesso e escravos da informação empilham os divãs, assentando desde portadores de patologias modernas do hedonismo, até o clássico maníaco depressivo crônico, o gráfico está em um dos seus altos picos no que se refere ao poder da imagem e do dinheiro. A importância (ou não) de ser bonita (o) está no centro deste ensaio.
A influência é tão grande que primeiro devemos apontar alguns aspectos básicos. A genética, a cultura, a nutrição e o maior ou menor risco profissional. O primeiro aspecto se refere aos genes acumulados de uma geração anterior que usufruiu de todos os tipos de capital, cultural, educacional etc..., e que se condensou na nova geração reproduzindo tanto um organismo mais forte biologicamente quanto uma beleza mais padronizada. Explico depois essa parte.
O segundo aspecto é o valor cultural, como fazer viagens, conhecer obras de arte, pessoas inteligentes, participar de eventos internacionais, se envolver com questões complexas e, desde cedo, absorver ainda que parcamente uma educação de elite. Esta categoria de capital é uma das mais importantes, pois é ela que vai diferenciar o sucesso na carreira profissional e vai balizar a educação que dará aos filhos. É a cultura que organiza a vida doméstica, evita choques caóticos e crises nervosas sérias, e promove um equilíbrio entre amigos, colegas de trabalho e familiares.
O terceiro aspecto é fundamental para a saúde da mulher. Alimentação boa desde criança torna a pessoa mais capaz de ter uma pele boa, cabelos fortes e menos propensão a doenças. É o que diferencia muito as gostosas do morro das gostosas da Zona Sul, pois percebemos que, em certa fase da vida, vitaminas e sais minerais que ingerimos na infância influenciam na cura de doenças, ou seja, influencia em todos os aspectos da vida da pessoa.
O último aspecto é a soma de todos esses valores, pois a pessoa criada em uma família com capitais irá propiciar oportunidades para filhas e filhos que nunca serão experimentadas por quem está em uma família sem capital. A filharada é fruto do que foram seus pais, e tudo isto implica em duas coisas: 1) o capital não garante beleza a ninguém, mas ajuda muito; e 2) em geral, o capital vai gerar pessoas melhor realizadas e mais capazes profissionalmente, por uma questão econômica e cultural.
Neste sentido, esse ensaio visa elaborar uma equação genérica que contenha os seguintes fatores: CAPITAL + CASAMENTO COM MULHER INTERESSERA GOSTOSA = FILHAS GOSTOSAS. Reconheço nesta equação muitos defeitos, mas apontá-los seria perda de tempo, já que o mais importante não são preconceitos, todos nós sabemos que dinheiro (leia-se: poder) atrai mulher gostosa: é um fato da natureza humana. Em outras culturas, este poder torna um homem dono de quantas mulheres ele quiser. No Rio de Janeiro, as pessoas são sonsas e hipócritas quanto a isto.
Não estou dizendo que não exista amor, paixão e amizade nesses matrimônios, pois tudo isto faz parte da natureza humana, é uma condição humana se envolver intimamente e gerar uma família através desses sentimentos. Mas a grana é algo que faz muita diferença nos sentimentos, influencia demais nas escolhas e determina muito o lugar do rabo de alguém. Sobre a beleza padronizada dita acima, digo que moda e estética são essencialmente produtos cíclicos que regem uma moda (estatisticamente falando), ou seja, uma repetição, um padrão ou paradigma.
Esta beleza de hoje não foi igual sempre. Ocorre que para ser bela neste padrão, a pessoa investe grana em salões de beleza. Mas não é só por razões puramente estéticas. Trata-se de saúde também: um bronzeado feito sem exageros faz bem para a saúde; cuidar dos dentes faz bem para a saúde e é um fator crucial na estética; cuidar do cabelo é algo que também reflete a estima da pessoa; enfim, investir na saúde gera beleza, mas é justamente esse inocente investimento (porque todos fazem) que nos diferencia geneticamente quanto à beleza.
Uma mãe com todos esses cuidados vai reproduzir alguém que tenha propensão a uma vida esteticamente e salutarmente melhor. Se uma mãe pobre tem uma filha, com tempo as marcas de um não investimento irão falar mais alto. A equação acima, pois, é falha, por isso não me repito falando dos defeitos: conheci belas mulheres gostosas em aldeias amazonenses, no subúrbio carioca e nas favelas. O ponto não é esse; repito: o capital não determina a beleza, nem a pobreza determina a feiúra, mas salvo as exceções, o que temos?
Temos uma beleza padrão das mulheres da Zona Sul da cidade, em comparação com a parte pobre. “Não existe feio, existe pobre”, dizem alguns. O que se passa na cabeça das mulheres gostosas que não têm um futuro profissional promissor, inconscientemente, é a reprodutibilidade biológica, que envolve segurança, comida, cultura e oportunidades para as filhas. Elas podem nem pensar em beleza, mas está incluído no pacote, pois elas são gostosas, senão não casariam com os caras ricos. A não ser que o ricaço se case com uma baranga, mas acho raro. Em geral, suas mulheres são gostosas e bonitas. As suas filhas têm ou não bunda, são feias ou não, mas no geral o que se percebe é: quanto mais dinheiro você tem, mais mulheres gostosas e bonitas estão ao seu redor. Burlar a natureza é secundário, pois o principal para uma sociedade consumista, alienada e com patologias da informação, é ter saúde (beleza) e dinheiro (beleza) ao redor da cama. Não?